terça-feira, 14 de abril de 2015

Inundações e cheias

Foto de Luís Forra/lusa
Recentemente, a pretexto do projeto apresentado pela Administração dos Portos de Sines e do Algarve para o alargamento da entrada da barra do rio Arade, voltou-se a falar na segurança da baixa da vila de Ferragudo. Alguns edis lagoenses, nomeadamente o presidente da Junta de Freguesia, a vereadora do pelouro do Ambiente e o presidente da Câmara, mostraram pública preocupação quanto às possíveis consequências negativas para a povoação. Não é difícil antever que o chamado “mar de fora” ou estado marítimo alterado consiga entrar mais facilmente na embocadura do Arade e provocar perturbações na zona ribeirinha, como também o previsível aumento do nível do mar trará um número crescente de grandes marés ao longo do ano, afetando toda a zona baixa, com a agravante de não ter o atual anteparo dos molhes para retardar a subida das águas.
O Bloco de Esquerda une-se à apreensão dos executivos autárquicos, mas realça que, independentemente das alterações efetuadas na embocadura do Arade, é fundamental que os poderes locais apresentem um projeto inteligente para a melhoria da segurança na baixa de Ferragudo, pressupondo que os grandes riscos de inundação não se centram nas marés e tempestades marítimas, mas sobretudo nas eventuais descargas pluviais que ocorrem ocasionalmente e cujo “canal” da vila tem dificuldade em escoar. Como é sabido, na década de oitenta cimentou-se todo o regato, aterrou-se o grande arco da ponte antiga e criou-se o quiosque por cima do canal. A grande cheia de 1988 comprovou que se tratou de um colossal erro de planeamento. Depois dos avultados estragos, que felizmente não se traduziram em perdas humanas, emendou-se um pouco o disparate. Passadas três décadas da catástrofe, a Câmara e o executivo municipal têm que juntar as forças vivas do concelho e os técnicos e pensar num plano congruente para a baixa de Ferragudo, que permita minorar os aspetos previsíveis de grandes descargas pluviais ou a subida do nível do mar nos anos futuros, que não estão diretamente subordinadas à questão dos molhes.
            O BE, sendo o partido da cidadania e das soluções para defesa dos interesses das populações apresenta desde já propostas concretas para a menorização dos riscos de cheias em Ferragudo, que não passarão a acontecer num futuro hipotético, mas que já ocorreram com gravidade no passado e que advirão no presente das nossas vidas, com ou sem diminuição do molhe da barra. Elas passam por o alargamento e aprofundamento do “canal”, pela desobstrução do grande arco da ponte velha e pela subida do nível da via pública nos pontos mais sensíveis, sem afetar a relação de sobreposição das entradas das habitações.