Foto de Luís Forra/lusa |
Recentemente, a pretexto do projeto apresentado pela Administração dos Portos de Sines e do Algarve para o
alargamento da entrada da barra do rio Arade, voltou-se a falar na segurança da
baixa da vila de Ferragudo. Alguns edis lagoenses, nomeadamente o presidente da
Junta de Freguesia, a vereadora do pelouro do Ambiente e o presidente da
Câmara, mostraram pública preocupação quanto às possíveis consequências
negativas para a povoação. Não é difícil antever que o chamado “mar de fora” ou
estado marítimo alterado consiga entrar mais facilmente na embocadura do Arade
e provocar perturbações na zona ribeirinha, como também o previsível aumento do
nível do mar trará um número crescente de grandes marés ao longo do ano,
afetando toda a zona baixa, com a agravante de não ter o atual anteparo dos
molhes para retardar a subida das águas.
O Bloco de Esquerda une-se à apreensão dos
executivos autárquicos, mas realça que, independentemente das alterações efetuadas
na embocadura do Arade, é fundamental que os poderes locais apresentem um
projeto inteligente para a melhoria da segurança na baixa de Ferragudo, pressupondo
que os grandes riscos de inundação não se centram nas marés e tempestades
marítimas, mas sobretudo nas eventuais descargas pluviais que ocorrem
ocasionalmente e cujo “canal” da vila tem dificuldade em escoar. Como é sabido,
na década de oitenta cimentou-se todo o regato, aterrou-se o grande arco da
ponte antiga e criou-se o quiosque por cima do canal. A grande cheia de 1988
comprovou que se tratou de um colossal erro de planeamento. Depois dos
avultados estragos, que felizmente não se traduziram em perdas humanas,
emendou-se um pouco o disparate. Passadas três décadas da catástrofe, a
Câmara e o executivo municipal têm que juntar as forças vivas do concelho e os
técnicos e pensar num plano congruente para a baixa de Ferragudo, que permita
minorar os aspetos previsíveis de grandes descargas pluviais ou a subida do
nível do mar nos anos futuros, que não estão diretamente subordinadas à questão
dos molhes.
O BE,
sendo o partido da cidadania e das soluções para defesa dos interesses das
populações apresenta desde já propostas concretas para a menorização dos riscos
de cheias em Ferragudo, que não passarão a acontecer num futuro hipotético, mas
que já ocorreram com gravidade no passado e que advirão no presente das nossas
vidas, com ou sem diminuição do molhe da barra. Elas passam por o alargamento e
aprofundamento do “canal”, pela desobstrução do grande arco da ponte velha e
pela subida do nível da via pública nos pontos mais sensíveis, sem afetar a
relação de sobreposição das entradas das habitações.